Em artigo, ex-presidente do PT aponta tentativa de destruição do "mito Lula" e prevê sua volta nas caravanas da cidadania para mostrar "o que está em jogo"; texto deixa no ar a possibilidade de Lula vir a ser o candidato do PT ao Palácio do Planalto em 2014
As tentativas de desgastar a imagem do ex-presidente Lula não são novidade e demonstram a "intolerância" dos que não se conformam com os resultados das eleições. É o que coloca em destaque o ex-presidente do PT e deputado federal Ricardo Berzoini em artigo publicado no jornal O Globo nesta segunda-feira.
A tentativa de atingir moralmente o líder político que conquistou a população brasileira, diz ele, é no entanto a última esperança dos que não conseguem visualizar a atual realidade do país. E agora, afirma Berzoini, ele "é chamado novamente a percorrer o Brasil, sem medo de ser feliz, para dizer claramente o que está em jogo".
Leia abaixo a íntegra do artigo:
O que está em jogo - por Ricardo Berzoini
A trajetória do brasileiro Luís Inácio Lula da Silva marcou a redemocratização do Brasil de uma forma extraordinária. Uma liderança popular, oriunda do movimento sindical, com a simbólica origem na grande migração interna do Nordeste para o Sul e com o signo na luta pela liberdade de organização dos trabalhadores. Contribuiu decisivamente para o fim da ditadura, somando a mobilização trabalhista de massas ao processo de resistência institucional, comandado pelo velho MDB e por lideranças intelectuais e religiosas. Fundou um partido político de baixo para cima e ajudou a criar uma central sindical democrática, que se transformou numa das maiores do mundo.
Sua biografia já seria magnífica, se terminasse por aí. Mas, disputando quatro eleições presidenciais, venceu em 2002, para assumir um país estagnado e sem perspectivas, subordinado à globalização financeira e apequenado nos fóruns internacionais.
Em apenas oito anos de governo, Lula tirou o Brasil do marasmo, despertou e coordenou forças positivas, transformou a economia e a política, e fez a grande obra referencial do início do Século 21: recolocou a autoestima do povo em alta, como demonstram todas as pesquisas de opinião do final de seus dois mandatos.
A desigualdade caiu fortemente, regional e socialmente, milhões migraram de classe socioeconômica, para melhor. O desemprego caiu pela metade. O país voltou a crescer. Programas inovadores, em várias áreas, tornaram-se referências internacionais. A educação técnica e superior ganharam grandes investimentos. Lula foi reeleito e elegeu sua sucessora, A primeira mulher presidenta da República. Não caiu na tentação de um terceiro mandato, como muitos apregoavam insistentemente, temerosos de sua popularidade. Muitos anunciaram o mito, por mais que ele próprio sempre tenha preferido sua dimensão humana de cidadão. Foi reverenciado em boa parte do planeta como um exemplo de liderança. O cara, como disse um certo presidente de um importante país.
As recente tentativas de desgastar sua imagem não são novidade na história do Brasil, nem na vida de Lula. Mas demonstram a intolerância daqueles que não se conformam com os resultados das urnas e buscam outros territórios para tentar a revanche. Lula nunca se afastou de suas convicções e como pessoa, sempre sacrificou sua vida pessoal para conduzir as lutas populares. Formou uma geração de lideranças, estimulando o surgimento de novos quadros políticos em seu partido, que sabe se renovar, a cada período.
Tentar lhe atingir moralmente, com base em ilações e suposições, é a última esperança dos que não souberam perceber que o povo brasileiro hoje tem muito mais discernimento e confiança em suas avaliações, exatamente porter percebido que, aquele que sempre foi atacado e desprezado pelas oligarquias, revelou-se o líder necessário que recuperou a confiança nacional. Como com Getúlio e Juscelino, sentem a necessidade de destruir o mito. Mas o mito é líder. E é chamado novamente a percorrer o Brasil, sem medo de ser feliz, para dizer claramente o que está em jogo.