O eleitor brasileiro pode nem saber, mas ajuda a
sustentar, com o próprio bolso, a existência de 30 partidos políticos. E a
proliferação de legendas, grande parte sem identidade ideológica clara, parece
não ter fim. Hoje, 23 novas siglas já entregaram à Justiça Eleitoral parte das
500 000 assinaturas necessárias para obter o registro e poder disputar
eleições. Há ainda um número indefinido de organizações que não chegaram a essa
etapa, mas já se articulam para isso o mais novo exemplo é a Rede da
ex-senadora Marina Silva.
O caos partidário tem várias explicações. Uma dela
é explícita: mesmo que seja insignificante eleitoralmente, todo partido tem
direito a receber recursos do Fundo Partidário abastecido por dinheiro público,
pode exibir gratuitamente pelo menos dez minutos anuais de propaganda na
televisão, tem espaço garantido no horário eleitoral e ainda pode, graças às
coligações, receber recursos de outros partidos durante o pleito. Tudo amparado
pela lei. Além disso, há o poder de barganha para obter, em troca de apoio ao
gestor da vez, cargos no poder executivo municipal, estadual e federal. Por
isso, a criação de partidos nunca foi tão lucrativa.