Em 1970, enquanto a jovem Dilma Rousseff estava presa, em São Paulo, e a tortura corria solta nos porões da ditadura, a seleção brasileira encantava o mundo e o futebol era o "ópio do povo"; "90 milhões em ação" era o hino que amortecia a repressão; hoje, Dilma é a presidente encarregada de organizar uma Copa do Mundo e milhões de brasileiros não se sentem parte da festa; cabe a ela, assim como a seus adversários, encontrar respostas para tanta insatisfação
"Noventa
milhões em ação, pra frente Brasil, salve a seleção; de repente é aquela
corrente pra frente, parece que todo o Brasil deu a mão". Em 1970,
enquanto a repressão do regime militar corria solta nas ruas, a presidente
Dilma Rousseff estava presa, em São Paulo. Do presídio Tiradentes, a
ex-guerrilheira usava um rádio de pilha para se conectar com o mundo exterior e
acompanhar os jogos da seleção brasileira, que encantava o mundo, no México,
com Pelé, Jairzinho e Tostão. Entre uma partida e outra, o hino daquela seleção
tocava insistentemente e ficou marcado como o símbolo de "um Brasil que
vai pra frente", apesar das desigualdades, da violência, das injustiças e
da tortura que ocorria nos porões da ditadura militar.