O ex-presidente Lula está farto da mídia tradicional e cada vez mais
engajado em sua disposição de liderar um movimento político pela democratização
dos meios de comunicação. Na semana passada, ele recebeu jovens representantes
de entidades como a UNE, a CUT, o MST e ABGLT para uma reunião no Instituto
Lula. Ali, ao lado do governador da Bahia, Jacques Wagner, soltou o verbo.
- A imprensa me tratou bem perto do que está fazendo com a Dilma, com
esses ataques 24 horas por dia, iniciou ele.
- Os jornais tentaram atrair a Dilma, diferenciá-la do meu governo, mas
não deu certo. Quando ela demarcou o campo de classe, passou a ser vista como
adversária e atacada.
No encontro convocado exatamente para incentivar a entrada de entidades
dos movimentos sociais na ação política pela democratização da mídia, Lula deu
sua ordem unida aos cerca de 20 militantes políticos presentes.
- Vamos ter que fazer a democratização da comunicação. Os partidos, os
movimentos sociais e a sociedade têm que se envolver para fazer".
O ex-presidente ouviu a avaliação e propostas de jovens de organizações
políticas, entidades estudantis, centrais sindicais, movimentos sociais e
coletivos culturais como o Levante Popular da Juventude e o Fora do Eixo sobre
o atual momento político.
"O que vem depois da negação da política é pior" - Lula disse
estar preocupado com o futuro da democracia no Brasil, especialmente com a
"negação da política", que abre a possibilidade de retrocessos.
- O que vem depois da negação política é sempre pior", afirmou o
ex-presidente. Para ele, a reforma política é fundamental para enfrentar os
limites do atual sistema.
Depois de ouvir os jovens, Lula disse que "as mobilizações mostram
que muito ainda deve ser feito no Brasil". Ele destacou que os grandes
meios de comunicação tiveram um papel fundamental para amplificar as
mobilizações de junho e incutir pautas conservadores, tendo como ponto de
partida "o massacre que a imprensa fez nos últimos 10 anos contra o PT,
contra o governo e contra a política".
Depois, na ótica de Lula, a mídia teria recuado, quando avaliou que os
protestos estavam saindo do controle. Ele acrescentou que a Rede Globo teve
"uma derrota política" quando suas equipes de reportagem tiveram que
deixar de usar o logotipo da emissora para evitar a reação dos manifestantes.
Bem humorado e disposto, o ex-presidente reclamou dos boatos sobre seu
estado de saúde que circulam nas redes sociais e as referências à sua família.
"Está um escárnio o tanto de mentiras", afirmou.
Ao saber de boatos de que seu filho seria sócio
do Grupo Friboi, Lula disse que ligou para o presidente da empresa, Wesley
Batista, para pedir que soltassem uma nota para esclarecer que "os bois
são seus". A gargalhada foi geral, mas os resultados da reunião, bastante
sérios.
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