Em tom político-social, o papa Francisco pede aos bispos, sacerdotes e religiosos
que deixem a zona de conforto e busquem estar próximos ao povo; "é nas
favelas que nós devemos ir procurar e servir a Cristo", lembrou; pontífice
também defendeu a tarefa de "reabilitar a política", que, segundo
ele, é uma das "formas mais altas de caridade".
(Reuters)
- O papa Francisco pediu neste sábado ao clero católico que deixe a zona de
conforto e o isolamento para sair às ruas e servir os mais pobres e
necessitados.
Em
missa celebrada na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro para bispos,
sacerdotes e religiosas, o papa ressaltou a importância de três aspectos da
vocação: os chamados para Deus, chamados para anunciar o Evangelho e chamados a
promover a cultura do encontro.
Francisco
disse que o "permanecer" em Cristo não é se isolar, mas é um
permanecer para ir ao encontro dos outros. O papa, lembrando a madre Teresa de
Calcutá, disse que a vocação deve ser motivo de orgulho, pois dá a oportunidade
de servir Cristo nos pobres.
"É
nas favelas que nós devemos ir procurar e servir a Cristo", lembrou.
Na
primeira missa celebrada na catedral, o papa fez um apelo aos bispos e
sacerdotes, muitos no Rio para acompanhar jovens na Jornada Mundial da
Juventude, que os ajudem a ser discípulos missionários também, e que saiam das
paróquias para levar o Evangelho.
"Não
se trata simplesmente de abrir a porta para acolher, mas de sair pela porta a
fora para procurar e encontrar. Decididamente pensemos a pastoral a partir da
periferia, daqueles que estão mais afastados", disse.
Francisco
voltou a criticar o que chamou da "cultura do descartável". "Às
vezes parece que para alguns as relações humanas são regidas por dois 'dogmas '
modernos: eficiência e pragmatismo."
O
papa disse a bispos, sacerdotes e religiosos que não tenham medo de ir contra a
corrente, que acolham a todos.
Desde
sua eleição em março como o primeiro papa não-europeu em 1.300 anos, Francisco
tem cobrado que os líderes da Igreja pensem menos em suas próprias carreiras na
Igreja e ouçam mais o choro dos famintos, para preencher seus vazios material e
espiritual.
Papa diz que o futuro exige a
tarefa de "reabilitar a política"
Douglas
Corrêa e Paulo Virgílio
Repórteres
da Agência Brasil
Rio
de Janeiro - O papa Francisco disse hoje (27/julho) em seu discurso no Teatro
Municipal que a sociedade é responsável pela formação das novas gerações, nas
áreas política e econômica, primando pelos valores éticos. Ele destacou ainda a
importância de se combater a pobreza.
“O
futuro exige hoje a tarefa de reabilitar a política, que é uma das formas mais
altas da caridade. O futuro nos exige também uma visão humanista da economia e
uma política que logre cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evite
o elitismo e erradique a pobreza. Que a ninguém falte o necessário e se
assegure a todos dignidade, fraternidade e solidariedade".
O
encontro reuniu políticos, dirigentes empresariais, personalidades da vida
cultural, líderes religiosos e de movimentos sociais e representantes
diplomáticos.
Ao
citar o pensador católico brasileiro Alceu de Amoroso Lima, o papa disse que
"quem tem o papel de responsabilidade em uma nação está chamado a
enfrentar o futuro, com o olhar tranquilo de quem sabe ver a verdade".
O
papa disse que três aspectos são importantes para uma caminhada calma, serena e
sábia: a originalidade de uma tradição cultural, a responsabilidade solidária
para construir o futuro e o diálogo construtivo para confrontar o presente.
Com
relação ao primeiro aspecto, o pontífice destacou a originalidade dinâmica que
caracteriza a cultura brasileira "com sua extraordinária capacidade para
integrar elementos diversos". Para Francisco, essa capacidade pode
"fecundar um processo cultural fiel à identidade brasileira e, por sua
vez, um processo construtor de um futuro melhor para todos, um processo que
faça crescer a humanização integral e a cultura do encontro. Essa é a maneira
cristã de promover o bem comum, a alegria de viver".
Sobre
a responsabilidade social, o papa disse que ela requer um certo tipo de
paradigma cultural e político. "Somos responsáveis pela formação das novas
gerações, ajudá-las a serem capazes na economia e na política e firmes nos
valores éticos. O futuro exige hoje a tarefa de reabilitar a política, que é
uma das formas mais altas da caridade”.
Depois
de recordar uma passagem bíblica do profeta Amós, Francisco disse que "os
gritos que pedem justiça continuam ainda hoje. Quem desempenha o papel de guia,
aqueles a quem a vida ungiu como guias, têm que ter objetivos concretos e
buscar os meios específicos para alcançá-los, porque pode existir o perigo da
desilusão, da amargura e da indiferença quando as expectativas não se
cumprem".
O papa fez também um
apelo à esperança que nos impulsiona a ir sempre mais longe e o emprego de toda
a capacidade em favor das pessoas para as quais se trabalha. "A visão
ética aparece hoje como um desafio histórico sem precedentes. Temos que
buscá-la e inseri-la na sociedade."
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